
As maçãs produzidas neste território, atualmente reconhecidas com o selo "Maçã de Alcobaça". têm uma qualidade e um sabor ímpar no mundo. Este facto deve-se às particularidades da região a nível do solo e do clima e do saber fazer dos produtores.
São produzidas numa estreita faixa entre a Serra dos Candeeiros e o Oceano Atlântico num microclima com condições muito particulares devido à brisa marítima.
A área ocupada pelos Coutos de Alcobaça é sensivelmente igual à que hoje está delimitada para a produção da “Maçã de Alcobaça” (Indicação Geográfica Protegida - IGP). Esta certificação oficial, emitida pelas instâncias da União Europeia, é atribuída a produtos tradicionais produzidos numa região específica.
O cultivo de fruteiras e em especial de macieiras começou a ter um importante significado com a chegada dos monges. A maçã servia de sobremesa depois de faustosas refeições. Segundo M. Vieira Natividade, “ a cultura das árvores frutíferas mereceu sempre dos monges os mais constantes cuidados”. As qualidades organolépticas das maçãs da Região de Alcobaça começaram cedo a distinguir-se conforme refere o mesmo autor “reunia ela características que a tornam distinta: a gradação da doçura à avidez na longa série de variedades; o delicioso perfume, o encanto vivo da cor, …”. “…Compreende-se que os monges, desde o seu início, tivessem pelas árvores frutíferas um verdadeiro culto”.
A importância e significado da fruta está bem patente nas cartas de foral e de povoação como a que é transcrita por J. Vieira Natividade: “aos 5 de maio da era de 1341 que há anno de 1303 deu o Abbde D. Fr. Pedro Nunes aos povoadores da villa da Mayorga a carta de povoação … 12º - E vos de susoditos probadores com vosso sucessores deveres dar a nos e a nosso sucessores o quarto das frutas e do azeyte e do Pomar da Cornaya a manter esse pomar…”
A fama e notoriedade das maçãs dos Coutos de Alcobaça foi crescendo, principalmente na Corte. Manuel Vieira Natividade refere João Baptista de Castro, no seu Mappa de Portugal, 1750, “… a grande estimação em que se tem as camoezas de Alcobaça…”. O mesmo autor refere ainda “…e tão intensa foi e é essa cultura que, ainda hoje, nas terras d’Alcobaça por fruta se subentende a maçã e por pomares as plantações de macieira”.
É pela riqueza trazida pela produção de frutos de qualidade que se compreende uma curiosa relação encontrada nos “Papeis avulsos de Frei Manuel de Figueiredo” de 1777 sobre fruta enviada para Lisboa como ofertas destacando-se as 24 canastras enviadas para a “Raynha Nossa Senhora, El_Rey Nosso Senhor, A Senhora Raynha May, Ao Princípe do Brasil…”. O total de ofertas nesse ano totalizou 506 canastras.
A importância da maçã na Região de Alcobaça manteve-se ao longo dos séculos, tendo decorrido, em Alcobaça, em 1926, o II Congresso de Pomologia.
O incentivo da Fruticultura na Região foi promovido pelo Prof. Joaquim Vieira Natividade, em meados do século passado, com o II Plano de Fomento que tinha como objeto estimular o empreendimento da fruticultura, o desenvolvimento de estudos pomológicos e a assistência técnica às novas plantações. A macieira foi uma das espécies privilegiadas nos trabalhos de investigação e experimentação que conduziram à expansão da cultura a nível nacional e em particular na Região de Alcobaça.
Também pela importância da fruticultura na região e em particular da maçã foi construído em 1968 o Centro Nacional de Estudos e Fomento da Fruticultura, que, como reconhecimento pelos incontestáveis e notáveis estudos realizados pelo Prof. Joaquim Vieira Natividade, em 1981, passou a designar-se Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade.
A Indicação Geográfica Maçã de Alcobaça engloba várias variedades das quais se destaca a ‘Casa Nova de Alcobaça’ que só se produz nesta região de Alcobaça. A importância da maçã é bem evidente pelo número de Centrais fruteiras existentes na região (Cooperfrutas, Frubaça, Narcfrutas; Frutalvor) assim como pela organização da produção, existindo mesmo uma associação específica para os produtores de maçã e que se designa: Associação dos Produtores da Maçã de Alcobaça – APMA.
A existência de um Centro de Investigação e Experimentação na Região, que permite o conhecimento das novas tecnologias de produção assim como a organização e a permanente atualização de conhecimentos dos produtores da “Maçã de Alcobaça” permitiram “Maçã de Alcobaça” seja o ex-líbris da cidade de Alcobaça.
O selo Maçã de Alcobaça encontra-se nas principais superfícies comerciais de todo o país, com um volume de negócios anual a rondar os 40 milhões de euros. Estando o enfoque essencialmente no mercado nacional, o setor cumpre regularmente um mínimo de cerca de 10% para exportação, tendo-se registado já valores na ordem dos 25% em anos de maior produção.