
“Numa casa portuguesa fica bem Pão e Vinho sobre a mesa” e em Alcobaça não é exceção. A tradição do vinho e da vinha está muito enraizada na cultura e economia populares.
O setor vitivinícola alcobacense está historicamente ligado ao trabalho desenvolvido pelos monges da Ordem de Cister. “O estabelecimento de uma abadia implicava a plantação de uma vinha para produzir o vinho da cerimónia eucarística e para fortalecer a dieta alimentar monástica”, explica o professor e historiador António Valério Maduro.
As melhores vinhas dos Coutos de Alcobaça localizavam-se em Aljubarrota onde as castas brancas predominaram até ao surgimento de uma praga de fungos (1852) que obrigou ao arranque das vinhas brancas e à plantação de uvas tintas. Duas décadas depois, uma praga de filoxera resulta num aumento de importação de castas francesas. No início do século XX, destacavam-se quatro viticultores alcobacenses com marcas registadas: JEM (José Eduardo Magalhães); JPSR (José Pereira da Silva Rino); NM (Narciso Monteiro); AJ (Alfredo Jacobetty). Outros lavradores como Joaquim Ferreira de Araújo Guimarães, modernizaram as suas adegas com nova maquinaria e marcaram uma era. Nos anos 60, surge a Adega de Alcobaça que chega a produzir 13 milhões de litros por ano. Nas décadas subsequentes, o setor começa a perder fulgor, começando a sobressair outras áreas agrícolas nomeadamente a fruticultura. Atualmente tem-se assistido a uma renovação da vitivinicultura em Alcobaça, com a obtenção vários prémios nacionais e internacionais.
Os solos agrícolas do concelho apresentam características propícias ao cultivo do vinho devido à sua composição argilo-calcária. A oscilação térmica e a humidade derivada da proximidade do oceano são também fatores decisivos para a formação de uvas ricas em ácidos o que favorece o sabor frutado, jovem e com grande capacidade de envelhecimento do vinho.
A produção de vinho ainda hoje é prática comum na maioria das freguesias do nosso concelho que mantêm esta tradição ancestral. A produção vitivinícola tem vindo a recuperar o seu estatuto. A Adega de Alcobaça e a Quinta dos Capuchos, produtores com vinhos certificados, muito têm contribuído para a renovação e modernização deste setor.
A região vitivinícola de Alcobaça está enquadrada na denominação de origem controlada (DOC) Encostas D’Aire (Alcobaça e Medieval de Óbidos), uma das 9 DOC que integram a região de vinhos de Lisboa. Esta região atingiu recentemente um volume de exportação na ordem dos 32 milhões de garrafas certificadas.